sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Onde vou morar...

O que faz gostar de uma cidade são as pessoas. A amizade é o ponto turístico que resiste ao tempo.

Minha vontade de conhecer mais as praças, os bares e restaurantes depende de alguém emocionado com sua rotina.

Lugarejos ficam atraentes com o entusiasmo de seus moradores. Nem requer grandes monumentos, façanhas arquitetônicas, desenhos, paisagens, mas o cuidado com as singelezas maravilhosas de seu bairro.

O que me seduz é como o morador desenrola o mapa discreto do seu dia a dia. É quando valoriza as quadras de seu mundo, e tem interesse em mostrar onde é o minimercado em que compra suas urgências, a cafeteria que cura sua ressaca, a floricultura que devolve sua esperança no amor.

A generosidade torna qualquer local agradável, e repõe a gana de voltar. Carisma de garçons salva restaurantes. Simpatia de manicures salva salões. Paciência de atendentes salva lojas.

Não há maior educação do que a alegria.

Sou influenciável pelos personagens comuns que não se esgotam em acordar cedo e falar bem de seus percursos. Fogem do elogio da lamúria. Retiram milagres das repetições.

Os amigos formam minha cidade. As ruas que passo mereceriam nomes das pessoas que amo. Deveria mudar as placas dos logradouros: nada de políticos e celebridades, mas quem é famoso secretamente em meu silêncio.

Moraria na Rua Zenaide, merendeira, paralela às ruas Alzira e Quintino, professora e agricultor, são tudo como avós. Os pais, Sônia Barros e Hélio Novais, teriam direito a duas avenidas enormes.

Batizaria a passarela que me leva ao centro de Nathália Rosa, companheira de todas as horas. Seria Thaís Dutra para quem chega e Aline Veloso para quem parte da cidade.

O mercado público ganharia a graça de Juca, avô de prosa que cataloga piadinhas de efeito. Chamaria a lagoa de Suzanne Barros, a igrejinha de pedra de Ziziná, a praça Dayre Valle de Vicente, a Biblioteca Pública de Mariquinha. Honraria o ZooMatinha com uma pessoa fundamental, Silas Barros, que me alcançou uma lição preciosa: Deus toca com mãos humanas.
Desejaria indicar minha bisa Herondina para ser minha rodoviária, espaço em que ocorrem as mais pungentes despedidas. Mas ela faleceu.Não dá mais.

Amigo vivo é rua, amigo morto é estrela.

Um comentário:

  1. Muito lindo!

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